domingo, 18 de abril de 2010

Solidão nos Idosos agrava Saúde Física e Mental


"Segundo um estudo publicado no “Journal of Health and Social Behavior”, os idosos que não têm relações familiares ou de amizade, ou que se sentem sozinhos apesar de terem outros por perto, tendem a ter uma pior saúde física e mental.


O estudo, realizado por investigadores da Cornell University, nos EUA, avaliou cerca de três mil pessoas, com idades entre os 57 e 85 anos. Os cientistas verificaram que os que tinham menos laços sociais eram menos propensos a descrever a sua saúde física como boa ou excelente. E aqueles que disseram sentir-se socialmente isolados – mesmo tendo amigos, família e actividades sociais – também tendiam a referir pior bem-estar físico e mental.

Os resultados mostram a importância das ligações sociais para a saúde do idoso – incluindo questões práticas, como o facto de ter alguém para o acompanhar ao médico ou para lhe lembrar de tomar a medicação. Mas também indicam que a percepção dos idosos em relação a esse apoio bem como a sua capacidade de superar as perdas desempenham um papel importante na saúde."


Fonte: http://www.app.com.pt

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ser Idoso e ser Velho


"Idoso é quem tem muita idade; velho é quem perdeu a jovialidade.

A idade causa a degenerescência das células; a velhice, a degenerescência do espírito .

Você é idoso quando se pergunta se vale a pena; você é velho quando, sem pensar, responde que nâo.

Você é idoso quando sonha; Você é velho quando apenas dorme.

Você é idoso quando ainda aprende; Você é velho quando já nem ensina.

Você é idoso quando se exercita; Você é velho quando apenas descansa.

Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida;

Você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada.

Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs; Você é velho quando ele só tem ontens.

O idoso se renova a cada dia que começa.O velho se acaba a cada noite que termina.

Pois enquanto o idoso tem seus olhos postos no horizonte, onde o sol desponta e ilumina a esperança , o velho tem sua miopia voltada para as sombras do passado.

O idoso tem planos, o velho tem saudades .

O idoso curte a vida. O velho sofre, plena de projetos e a preenche de esperança. Para ele, o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega.

Para o velho, suas horas se arrastam destituídas de sentido.

As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso; as rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.

Em suma , o idoso e o velho podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idades diferentes no coração. Que você, idoso, tenha uma longa vida, mas nunca fique velho."

Fonte: http://seridoso.blogs.sapo.pt/

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Depressão e Ansiedade no Idoso


"A conhecida relação entre sintomas depressivos e idade avançada sempre tem gerado numerosos estudos. A maioria desses estudos aborda a polêmica sobre o fato da depressão no idoso ser considerada, ou não, um tipo diferente das demais depressões. Esse debate inicialmente se concentrou sobre a idade do paciente idoso que sofria de depressão, interessava saber se a depressão era senil, involutiva, pré-senil, etc.

Posteriormente, enfocou-se as comparações da idade dos pacientes quando se iniciou a depressão. Nesse caso enfatizava-se antecedentes depressivos, episódios depressivos ou distimia na história pregressa do paciente. Neste caso pretendia-se saber se a depressão era, de fato, senil ou era uma depressão antiga apresentando mais um episódio agudo no idoso.

Os argumentos que sustentam ser a depressão no idoso um tipo diferente da depressão de outras faixas etárias se apóiam nas diferenças de sintomatologia. Nos idosos, por exemplo, a depressão se apresentaria com sintomas somáticos ou hipocondríacos mais freqüentes, haveria menos antecedentes familiares de depressão e pior resposta ao tratamento. Apesar disso, a tendência atual é não estabelecer diferenças marcantes entre a depressão da idade tardia e a depressão dos adultos mais jovens. De fato, o que teria de diferente nos idosos seria, não a depressão em si, mas as circunstâncias existenciais específicas da idade.

Do ponto de vista vivencial, o idoso está numa situação de perdas continuadas; a diminuição do suporte sócio-familiar, a perda do estatus ocupacional e econômico, o declínio físico continuado, a maior freqüência de doenças físicas e a incapacidade pragmática crescente compõem o elenco de perdas suficientes para um expressivo rebaixamento do humor. Também do ponto de vista biológico, na idade avançada é mais freqüente o aparecimento de fenômenos degenerativos ou doenças físicas capazes de produzir sintomatologia depressiva.

Assim sendo, embora os fatores bio-psico-sociais agravantes possam estar associados ao rebaixamento do humor na idade avançada, eles podem gerar confusão a respeito das características clínicas da depressão nessa idade. Os clássicos conceitos de depressão reativa, depressão secundária e depressão endógena se confundem na depressão senil. 
CAUSALIDADE DA DEPRESSÃO
DEPRESSÃO REATIVAReativa a alguma situação vivencial traumáticaDe fato o idoso passa por uma condição existencial problemática e, muitas vezes, sofrível
DEPRESSÃO SECUNDÁRIASecundária à alguma condição orgânicaDe fato o idoso costuma desenvolver estados patológicos e degenerativos que facilitam o desenvolvimento da depressão
DEPRESSÃO ENDÓGENAEndógena é constitucional, atrelada à personalidadeOra, de fato as pessoas com depressão endógena ou constitucional envelhecem e continuam depressivas
DEPRESSÃO REATIVA (Reativa a alguma situação vivencial traumática)
De fato o idoso passa por uma condição existencial problemática e, muitas vezes, sofrível.

DEPRESSÃO SECUNDÁRIA (Secundária à alguma condição orgânica)
De fato o idoso costuma desenvolver estados patológicos e degenerativos que facilitam o desenvolvimento da depressão.

DEPRESSÃO ENDÓGENA (Endógena é constitucional, atrelada à personalidade)
Ora, de fato as pessoas com depressão endógena ou constitucional envelhecem e continuam depressivas

Como vemos no quadro acima, pelas condições existenciais a depressão do idoso bem que poderia ser, de fato, reativa. Poderia igualmente ser secundária às condições físicas do idoso e, finalmente, pelos eventuais antecedentes, poderia ser endógena. Nos adultos jovens esta confusão causal é menor, pois os aspectos do entorno existencial estão mais claramente definidos.
A depressão nos idosos depende da interação entre fatores ambientais, constitucionais, biológicos e suporte social. Os eventos ambientais são representados pelas questões vitais negativas, como por exemplo perdas e limitações, podem funcionar como desencadeadores da depressão. Os elementos constitucionais são as propensões genéticas ao desenvolvimento da depressão, bem como os traços de personalidade de marcante ansiedade. A biologia do envelhecimento contribui para a eclosão da depressão através das doenças físicas e a conseqüente incapacitação, inclui-se aqui a chamada Depressão Vascular de início tardio, conseqüência das alterações da circulação cerebral. A ruptura de vínculos sociais, perda do espaço ocupacional, a diminuição do rendimento econômico, o isolamento são elementos do suporte social que favorecem a depressão.
A incapacidade decorrente da senilidade, por exemplo, é um fator de risco importante a curto e longo prazo para o desenvolvimento da depressão nos idosos. O início da incapacidade gera considerável estresse e alterações negativas do estilo de vida. A imobilidade, a dor, ansiedade, necessidade de hospitalização demorada e reabilitação intensiva, aumento de eventos vitais negativos (perdas de pessoas, materiais, sociais, ocupacionais), sensação de perda do controle sobre a própria vida, baixa autoestima, desmoralização, restrições das atividades sociais e relações interpessoais dificultadas são algumas dessas alterações, que podem precipitar o início da depressão. 
A Situação Existencial do Idoso O estudo da psicopatologia da velhice a partir de três aspectos concretos: saúde mental, percepção do envelhecimento e autonomia funcional. Segundo César Vásquez Olcese (2001), parece haver diferenças significativas entre saúde mental e percepção do envelhecimento.

Em países como o nosso, cheios dos problemas derivados do subdesenvolvimento e de necessidades cada vez maiores, normalmente o Estado tende a fixar sua atenção e esforço na solução de problemas conjunturais, problemas que afligem à generalidade dos habitantes. O estado empobrecido não prestigia determinados setores da população, como exigiria a terceira idade.

Por isso, é quase certo dizer que os idosos de nossa sociedade estão marginados. Eles estão excluídos da produção contra sua vontade, tornam-se pouco consumidores, tendem a consumir maiores recursos da saúde, e acabam sobrevivendo a expensas de uma sociedade quase sempre hostil, recebendo as ajudas caridosas que esta se digna oferecer-lhes. Estão excluídos da produção porque ninguém lhes dá emprego, tornam-se pouco consumidores porque não têm dinheiro, não têm dinheiro porque ninguém lhes dá emprego, e consomem recursos da saúde porque adoecem, e adoecem mais porque não têm recursos para a saúde. Forma-se assim um deplorável círculo vicioso.

A mídia foi a primeira a detectar essa situação deplorável dos idosos. Os idosos só aparecem em propaganda de planos de saúde, no marketing de supermercados estão as pessoas de meia idade e todos os demais prazeres da vida são monopolizados pelos jovens, irrequietos, barulhentos e coloridos. Mas quem para a conta dos prazeres são as pessoas de meia idade e quem ajudou a erigir a estrutura social, essa mesma estrutura social dos prazeres, forma os idosos.

Infelizmente, um dos sintomas deste descuido social geral para com o idoso é o escasso conhecimento que se tem de sua realidade psicológica, de sua subjetividade e da percepção que ele tem de si mesmo e do mundo em que vive. Os estudos referidos à velhice se concentram, em geral, nos aspectos demográficos, socioeconômicos, de seguridade social e de saúde física, deixando de lado a saúde emocional e o colorido dos sentimentos da pessoa que envelhece.

É pois, imperioso que a sociedade de um modo geral, e a medicina psiquiátrica em particular, se aproximem e conheçam a dimensão subjetiva, a problemática da saúde emocional e as potencialidades subjacentes do idoso. Muito pouco se sabe sobre como o idoso percebe a si mesmo e a seu envelhecimento, e isso será apenas o primeiro passo para estabelecer uma atenção psicológica e rastrear os fatores materiais e sociais que a determinam a angustia e a depressão que rodeiam o envelhecimento. 

A Saúde Mental do Idoso Saúde Mental poderia ser entendida como o equilíbrio psíquico que resulta da interação da pessoa com a realidade. Essa realidade é o meio circundante que permite à pessoa desenvolver suas potencialidades humanas e, normalmente, essas potencialidades estão estreitamente associadas à satisfação das necessidades humanas.

Uma das principais necessidades humanas básicas, para o idoso ou qualquer um outro, é a chamada Autonomia Funcional. Esta, diz respeito à capacidade que tem a pessoa para valer-se de si mesmo, interatuar com o ambiente e satisfazer suas necessidades.

Percepção do envelhecimento é a manifestação subjetiva das alterações sofridas a nível somático e funcional, atribuibuídas ao envelhecimento. Isto se expressa numa troca da identidade pessoal, a imagem corporal, a autovalorização, etc. Operacionalmente pode definir-se como a auto-atribuição de traços de velhice. Assim sendo, a percepção do envelhecimento se dá, mais destacadamente, nas seguintes observações:

Alterações na aparência física A grande maioria dos idosos se percebe com menos cabelo, cabelos brancos (91.2%); manchas e rugas na pele (81.1%); problemas de visão e de audição (74.9%); déficit na força muscular (59.7%), etc. A isso se associa uma característica psicológica, que é um forte apego ao passado (57.2%).

Os fatores sociais e os elementos gerais parecem exercer uma forte influencia. As mulheres levam mais em conta as mudanças em sua aparência externa, os homens, por sua vez, ressentem mais a debilidade física.

Dentro da percepção do envelhecimento, cabe chamar a atenção sobre a explicação que os idosos realizam de sua velhice, e sobre a rapidez com que esta se instaura para eles. O ritmo do envelhecimento é percebido de forma diferente por homens e mulheres. A maioria dos homens (59.1%) pensa envelhecer de forma lenta ou pouco a pouco. As mulheres (52.7%), em troca, vêem este processo como algo normal, nem lento nem rápido.

A correlação entre Saúde Mental e Percepção do Envelhecimento faz supor uma influência negativa dos problemas psicológicos sobre a autopercepção dos idosos. A presença de ansiedade, irritabilidade, sensação de insuficiência, de inutilidade, entre outras, pode levar aos idosos a supervalorizar (e em alguns casos extremos, a acelerar) alguns traços próprios da velhice.

Da mesma forma, é lícito supor que a presença de certos traços do envelhecimento e seus efeitos nas vidas das pessoas possam gerar problemas psicológicos, já que, ao que parece, as limitações do envelhecimento e a marginalização social concomitante, terminam por afetar o equilíbrio interno dos indivíduos. O mais provável é que exista uma influencia recíproca entre ambos fatores, os mesmos que à maneira de um círculo vicioso se retro-alimentam mutuamente.

Autonomia Funcional Entre as principais características da perda progressiva da Autonomia Funcional estão os problemas de mobilidade, de mover-se de um lugar a outro, principalmente entre lugares distantes (40.9%). Outra limitação importante está no ato de preparar seus alimentos (32.7%) e, finalmente, em conseguir as coisas que necessitam (29.6%).

A discriminação que sofrem as mulheres no campo ocupacional, econômico, familiar e outros, notadamente a descriminação maior da qual foi vítima a mulher hoje senil, produz um efeito acumulativo que acaba resultando numa velhice mais problemática.

Tendo uma vida marginalizada e deficitária produz-se, quase sempre, uma velhice com problemas. Neste sentido, está certo o ditado que diz: “envelhece-se como se viveu”. Isso significa que o envelhecimento pode ser problemático na medida em que a vida tenha sido complicada ou, mais comumente, na medida em que a pessoa teve dificuldade em adaptar-se à vida.
As condições materiais de existência e o suporte familiar são fatores decisivos na sensação de Autonomia Funcional dos idosos. Estando suas necessidades melhores satisfeitas, haverá maior independência e liberdade de ação.

Em síntese, muitos problemas da Autonomia Funcional podem ser explicados a partir de fatores individuais, familiares e sociais. Entre os fatores individuais, em primeiro lugar se encontra o perfil psicológico e mental prévio da pessoa que envelhece, em seguida vem o nível educacional, as experiências vitais críticas, os acidentes, as doenças pregressas e atuais, a ocupação pregressa e atual, etc.

Socialmente, está em primeiro lugar, sem dúvida, a contundente influência restritiva que a sociedade exerce sobre os idosos, limitando suas possibilidades de atuação, oprimindo-os sob os modelos e padrões do "velho", e restringindo suas possibilidades de participação. De modo geral, não existe uma velhice típica, padrão, característica e igual. Existem múltiplas velhices; tantas como sociedades, culturas e classes sociais.

A Depressão e outros transtornos do humor, incluindo também as alterações ansiosas, são problemas psicológicos que, em muitíssimos casos, se expressam através de uma ampla variedade de transtornos físicos e funcionais na senilidade. Os próprios sintomas emocionais depressivos e típicos se constituem numa das principais queixas dos idosos.

Um dos mais adequados modelos de abordagem da depressão na terceira idade é o modelo bio-psico-social, o qual, como diz o nome, congrega os aspectos sociais, psicológicos e orgânicos como ingredientes necessários para produzir e manter o quadro depressivo. Sobre esse modelo bio-psicosocial, atualmente muito aceito, a medicina poderia atuar com eficácia num ou dois, ficando o aspecto social submetido à atuação política, notadamente nessa questão da terceira idade.
Depressão Relacionada ao Luto
Segundo dados recentes do censo norte-americano, 78% das pessoas viúvas têm 65 anos ou mais. O luto da viuvez tem sido descrito como o evento mais estressante da vida cotidiana. Na idade de 65 anos, mais de 50% das mulheres e 14% dos homens enviuvaram ao menos uma vez (Katherine Shear, American Psychiatric Association – 158o. Annual Meeting – May 2005 - Atlanta – Geórgia – USA).
Comparados aos indivíduos casados, há um aumento nas consultas médicas gerais pelos viúvos no primeiro ano após a perda. O luto é associado a um aumento da mortalidade dos enlutados e as causas de morte são variadas nos diferentes estudos, geralmente incluem suicídios e acidentes.
É provável que a depressão não reconhecida e não tratada contribua de maneira substancial para essa mortalidade aumentada. Viúvos com episódios depressivos maiores, comparados aos que não têm depressão, têm uma percepção negativa da própria saúde, são mais propensos a engajar-se em atividades pouco saudáveis, como fumo ou uso de drogas, e tendem a apresentar comprometimento do sistema imune. Além disso, estudos têm documentado que o luto é um fator de risco para o desencadeamento de transtornos de ansiedade.
Embora a morte súbita de um ente querido possa desencadear a depressão, isso também pode resultar em um Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Transtorno de Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada e Transtorno Obsessivo-Compulsivo, todos eles observados no período de elaboração das perdas.
O luto traumático, uma condição recentemente reconhecida, é uma condição especialmente debilitadora. O foco é a revisão da apresentação clínica, fatores de risco e o tratamento dos transtornos de ansiedade e do humor relacionados ao luto, inclusive o luto traumático.
A ocorrência de Transtorno Depressivo Maior em esposas enlutadas geralmente é percebida em um intervalo de tempo decorrido desde a morte de 2 a 6 meses, em 24 a 30% das pessoas. Ao longo de 1 ano esta prevalência se reduz para 16% e permanece mais ou menos estável até 2 anos, em 15%.
Provavelmente este fato se deve à existência de dificuldades de elaboração das perdas nessa parcela da população. O luto complicado geralmente está associado à história pessoal anterior de Transtorno Depressivo (24% com história anterior contra 8% sem antecedentes depressivos) e história familiar de Transtorno Depressivo (37% contra 24%).

Depressão e Demência  A demência implica sempre num comprometimento importante e irreversível na qualidade de vida da pessoa, portanto, se a demência foi diagnosticada, o prognóstico é sempre reservado. Não é raro encontrarmos quadros similares à demência em idosos hospitalizados, os quais, se apropriadamente tratados, restabelecem a saúde cognitiva. Entretanto, embora alguns autores mencionem esses quadros sob a denominação de demências reversíveis, na realidade trata-se de Delirium, um quadro diferente de Demência.

As demências verdadeiras, sejam elas resultado de um quadro progressivo como a Doença de Alzheimer ou de Demência Vascular, ou de natureza estável, como as seqüelas de AVC, serão sempre irreversíveis. Embora as atuais tendências para o tratamento da demência, como por exemplo o uso de inibidores da acetil-colinesterase ou programas de reabilitação cognitiva, tragam inegáveis benefícios para os pacientes, não é possível ainda, restituir o nível de cognição anterior.

O Brasil já pode ser considerado um país envelhecido, apresentando mais de 7% de idosos na sua população. Portanto, a medicina deve aparelhar-se para distinguir o envelhecimento normal do patológico, bem como a demência da depressão senil (pseudodemência depressiva).

Nesta última questão, tem sido às vezes bastante difícil diferenciar o envelhecimento normal dos eventuais pródromos de uma demência incipiente. As alterações neurofisiológicas associadas ao envelhecimento começam a aparecer cedo na vida das pessoas, geralmente em torno dos 40-50 anos e, dependendo de fatores genéticos, ambientais e antecedentes médicos pessoais, evoluem de forma muito variável entre as pessoas.

Anteriormente acreditava-se que os neurônios jamais se multiplicavam na vida adulta, entretanto, hoje já se demonstrou eles podem replicar-se a partir das chamadas células-fonte, porém, essa multiplicação não costuma ser suficiente para neutralizar totalmente a perda progressiva da população neuronal do cérebro. Mesmo ocorrendo alguma reorganização benéfica de sinapses e dendrítos ao longo dos anos, bem como modificações no número e sensibilidade dos neuroreceptores, alguma alteração na performance cognitiva é observada e constatada em testes neuropsicológicos com o envelhecimento.

As habilidades mais preservadas no idoso são aquelas resultantes da substancial aprendizagem, isto é, habilidades bem consolidadas e, portanto, mais resistentes à deterioração mnêmica. Avaliar essas habilidades sólidas é um dos primeiros passos para o diagnóstico de demência.

A avaliação do nível de consciência global deve levar em conta também o nível de conhecimentos gerais do paciente. E este último, será sempre conseqüente a educação formal do paciente. O exame da leitura costuma ser conjunto à avaliação da compreensibilidade, ou seja, não se avalia apenas a leitura em voz alta, mas também a interpretação do que foi lido. 
Existem diferentes comprometimentos nas habilidades verbais que aparecem no exame da comunicação. Em geral, as alterações de linguagem ocorrem a nível léxico-semântico. Neste caso investiga-se a lembrança de palavras, a nomeação de objetos, a fluência verbal e o nível discursivopragmático. Porém, o vocabulário deve ser avaliado com algum cuidado, relevando-se os discretos déficits de nomeação freqüentes em qualquer pessoa. Excluída essa possibilidade fisiológica, a dificuldade de dar nomes às coisas (disnomia) será considerado um dado valioso na avaliação cognitiva. Quando a dificuldade para nomear é gráfica, chamar-se-á disgrafia.

Ainda na avaliação da comunicação, os pródromos demenciais costumam mostrar alguma dificuldade de narração de histórias, interpretação da eventual mensagem da história ou do ditado e dificuldades de informar adequadamente sobre a situação global a que se refere à história.

O declínio de memória do idoso normal ocorre de modo discreto e se dá, predominantemente, na memória operacional ou de trabalho. Será sempre bom lembrar que a aquisição de conhecimentos e de aprendizado também declinam com a idade, juntamente com a capacidade de retenção mnêmica mas, mesmo assim, será possível ao idoso normal, apreender e manter na memória a maior parte das solicitações do cotidiano. Um exame neuropsicológico minucioso da memória é indicado sempre que existir queixas significativas, embora a presença de queixas de memória em idosos normais seja bastante comum. Há alguns medicamentos que interferem na cognição e são largamente consumidos pela população de idosos.

Pseudodemência Depressiva Cabe ressaltar também a presença de depressão emocional, a qual pode chegar a 20% dos idosos, afetando a cognição e a motivação para a memória. A depressão comumente produz um déficit mnêmico, especialmente após os 40 anos, e esse prejuízo de memória do depressivo pode ser confundido com um quadro inicial de demência. Essa confusão depressão-demência pode ser maior ainda, levando-se em conta o fato da depressão freqüentemente ter características atípicas nos idosos.

O termo pseudodemência depressiva pode sugerir, erroneamente, que os déficits observados serão reversíveis com o tratamento adequado da depressão. Embora isso ocorra em alguns casos, não pode ser considerado como regra geral. Boa parte dos pacientes inicialmente diagnosticados como deprimidos (pseudodementes) apresentaram, depois de algum tempo, verdadeiros sinais de demência, apesar da melhora inicial com o uso de antidepressores. Os próprios estudos de imagem cerebral podem revelar sinais mais compatíveis com demência do que da depressão nos pacientes diagnosticados com pseudodemência depressiva.

Assim sendo alguém poderia pensar: "de que adianta conhecer a pseudodemência depressiva, se esta corre paralelamente à demenciação verdadeira?" De fato, embora, possa haver no idoso um déficit cognitivo compatível com a idade e de pequena monta, a presença concomitante de depressão aumenta essa deficiência ao ponto de, aos menos avisados, parecer um verdadeiro quadro de demenciação pura.

O benefício de se saber da existência da Pseudodemência Depressiva e de questionar esse diagnóstico está, primeiramente, no fato de minimizar o prejuízo cognitivo com o tratamento da depressão. Em segundo, diante da possibilidade de melhora, estimular familiares e médicos para o tratamento daquele que se tinha por exclusivamente demenciado.
Mas, é bom que se tenha em mente, que embora o tratamento com antidepressivos traga melhora aos sintomas cognitivos, esses pacientes normalmente estão mais comprometidos que seus pares não-deprimidos. Embora possa haver comprometimento da disfunção cognitiva pela depressão, isso não exclui a presença de demência subjacente. No caso de idosos deprimidos, uma das principais características do exame neuropsicológico é a discrepância entre os resultados e as queixas apresentadas.

O exame neuropsicológico pode também ser normal em alguns casos de demência incipiente, principalmente em indivíduos com elevada escolaridade. Isso ocorre porque, embora tenha ocorrido declínio de funções cognitivas, o desempenho ainda permanece dentro da faixa de normalidade.
Depressão versus Demência Embora haja diferenças diagnósticas entre a cognição prejudicada pela depressão e a demência, é bom lembrar, como já foi dito, que as duas situações não devem ser encaradas como distintas, tendo em vista que, mais provavelmente, elas possam coexistir (prof. Paulo Mattos da UFRJ).
CARACTERÍSTICASDEPRESSÃODEMÊNCIA
InícioPrecisoIndeterminado
ProgressãoRápidaLenta
Atendimento MédicoMais precoceMais tarde
Valor da queixaDetalhadaAusente
O que é valorizado pelo pacienteOs fracassosOs sucessos
Esforço e disposiçãoPoucoMantido
SociabilidadePerdidaMantida
PioraPela manhãPela tarde

Geralmente, no exame neuropsicológico do deprimido se observa uma grande discrepância entre as queixas apresentadas e os resultados do exame. Embora as queixas sejam contundentes e freqüentes, os déficits realmente constatados pelos exames são quase sempre pequenos ou inexistentes. Esta discrepância é importante para consolidar o diagnóstico de déficit secundário à depressão.

O paciente com déficits cognitivos secundários à depressão tem um comprometimento maior da recuperação da memória imediata, logo após a apresentação pelo examinador, como se houvesse uma "preguiça" para lembrar as coisas que acaba de apreender. A recuperação tardia, depois de alguns minutos ou horas é basicamente normal. No caso de demências, a recuperação imediata está igualmente comprometida, mas a recuperação tardia tende a ser bem pior que a imediata, evidenciando perda de material ao longo do tempo.

Os déficits cognitivos relacionados à depressão também têm como característica seu curso flutuante ao longo do dia ou dos dias, podendo estar hora normal e hora muito prejudicado.

Naquelas pessoas deprimidas que apresentam déficits cognitivos variados, estes últimos melhorariam com o uso de antidepressivos que levariam à remissão da depressão.
Quando a melhora cognitiva não parece ser completa, apesar de ter ocorrido remissão completa ou quase completa do quadro depressivo, deve-se ponderar duas hipóteses:
a) existe déficit cognitivo real subjacente ao quadro, isto é, demência incipiente com déficit apenas exacerbado pela depressão (excess disability) ou;
b) os antidepressivos estão, de algum modo, interferindo na cognição.
Embora existam relatos sobre o comprometimento de memória com o uso de Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRSs), em especial a fluoxetina, classicamente aquele déficit ocorre com o uso de antidepressivos tricíclicos. Sabe-se que quanto maior a atividade anti-colinérgica, maior a possibilidade de indução da dismnésia. Na verdade, qualquer fármaco com propriedade anti-colinérgica pode induzir o mesmo efeito.É interessante observar que os déficits causados por antidepressivos tricíclicos poderem ser indistinguíveis daqueles causados pela depressão. Essa perda cognitiva determinada pelo próprio antidepressivo será classificada como Delirium.

Neste caso, deve-se trocar o antidepressivo tricíclico para um Inibidor Seletivo da Recaptação da Serotonina (ISRS), tais como venlafaxina, bupropiona ou a mirtazapina. Deve ser evitado o uso concomitante de benzodiazepínicos, que podem causar déficit mnêmico por vezes muito significativo,. A mirtazapina, pelos seus efeitos ansiolíticos, em geral permite ao médico não usar benzodiazepínicos.
Depressão por Razões Circulatórias
Existem múltiplas barreiras ao diagnóstico da Depressão de Início Tardio, tais como, por exemplo, as próprias circunstâncias existenciais do envelhecimento e o estresse relacionado ao panorama social do idoso, a falta de exames de laboratório em larga escala, as dificuldades de atendimento médico especializado dos idosos, etc. Estudos recentes apontam a possibilidade dos quadros depressivos de início tardio serem pródromos ou uma manifestação inicial da demência que viria mais adiante.
 A hipótese da Depressão de Início Tardio ser conseqüência das alterações vasculares encontradas nos idosos foi enunciada por Hickie et aI. em 1995, conforme se segue: “...presumimos que a insuficiência cerebrovascular em pessoas idosas leva a alterações significativas em estruturas subcorticais e nos núcleos da base, estruturas envolvidas nos transtornos do humor de início tardio...” (Hickie I, Scott E, Mitchell P, Wilhelm K, Austin MP, Bennett B - Subcortical hyperintensities on magnetic resonance imaging: clinical correlates and prognostic significance in patients with severe depression. Biol Psychiatry. 1995 Feb 1; 37(3): 151-60). 
Um dos interesses em conceituar esse tipo, digamos, mais orgânico de depressão no idoso, que é a Depressão de Início Tardio de outras formas de depressão, é a atitude preventiva contra doenças circulatórias cerebrais e um tratamento mais adequado.
As pesquisas neurofuncionais apontam também para a chamada leucoencefalopatia, que se caracteriza por lesões de origem vascular observadas na substância branca à ressonância magnética, está diretamente relacionada à Depressão de Início Tardio. Essas lesões na substância branca, juntamente com uma redução do volume dos núcleos da base, estão presentes em aproximadamente 60% dos pacientes com Depressão de Início Tardio, contra apenas 10% dos pacientes com depressão de início precoce.
Os estudos sobre a depressão vascular também incluem a ocorrência concomitante de hipertensão arterial e doença das coronárias, ambas como fatores de risco para lesões frontais e dos núcleos cinzentos da base.
Estes fatores orgânicos, vasculares, interagem com os fatores psicológicos, com os eventos vitais negativos do envelhecimento, com fatores genéticos e com fatores sociais aumentando muito a vulnerabilidade à depressão.
Essa teoria da depressão de origem vascular como um outro tipo de depressão tem gerado diversas propostas e reflexões. Um dos critérios para o diagnóstico inclui a presença de alteração vascular cerebral, mais os fatores de risco cardiovasculares (hipertensão arterial e/ou doença coronariana) junto com a existência de lesões à ressonância magnética.
Dentro desse panorama, uma das conseqüências da depressão em pacientes com lesões vasculares seria a resistência ao tratamento com um determinado antidepressivo (monoterapia), sendo necessário, muitas vezes, a associação de dois ou mais medicamentos desse tipo. Além disso, há a necessidade de mais tempo para a recuperação, bem como maior declínio cognitivo e risco aumentado para demência e de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Existem algumas diretrizes para a avaliação de pacientes possivelmente portadores de Depressão de Início Tardio (Vascular):
1. Estabelecer a idade de início do primeiro episódio depressivo maior (faça o melhor que puder).
É claro que, se houveram episódios depressivos anteriores o episódio atual pode ser mais um deles e não uma depressão de origem vascular. Para esse diagnóstico é importante que a pessoa não tenha antecedentes depressivos em idades anteriores, embora existam exceções a essa regra.
2. Avaliar os fatores de risco cardiovasculares:
a. Fumo
b. Pressão arterial
c. História familiar
d. Perfil lipídico
e. Exercício
3. Avaliação cognitiva:
a. O paciente tem queixas de memória subjetivas?
b. MMSE (Mini Exame do Estado Mental
c. outros testes
4. Medicação atual:
a. Avaliar a carga anticolinérgica
b. Avaliar possíveis interações medicamentosas
5. Possibilidade de solicitar RM.
CONCEITOS Já existem vários autores recomendando uma certa independência dos rígidos critérios da CID.10 E do DSM.IV para o diagnóstico da depressão no idoso. Isso porque, para essas classificações formais, as diferenças de diagnóstico entre os vários transtornos depressivos se dão de acordo com o número de episódios, duração dos mesmos, gravidade dos sintomas e evolução. Entretanto, no ancião é difícil estabelecer limites entre o estado normal e depressivo. Para ele o diagnóstico da depressão deveria se basear mais em critérios quantitativos que qualitativos.

Partindo-se de um estado de ânimo retraído, de determinadas condutas e de pensamentos depreciativos (culpa, inutilidade, abandono...), juntamente com determinadas manifestações fisiológicas, tais como a perda de peso, insônia, dores incaracterísticas, somatizações,... vários autores propõem cinco critérios para consolidar o diagnóstico da depressão no idoso (Spiltzer):
1-Vários sintomas de depressão pelo menos por 2 ou mais semanas.
2-Sentimento de estado de ânimo diminuído durante este tempo.
3-Presença de pelo menos quatro dos sintomas seguintes:
aumento ou diminuição do apetite,
aumento ou diminuição do sono,
diminuição da energia,
sensação contínua de fatiga ou cansaço,
perda de interesse,
perda de prazer nas relações sociais,
perda de prazer nas atividades cotidianas,
sentimentos de reprovação ou culpa de si mesmo,
lentificação ou agitação psicomotora,
queixas ou evidência de diminuição na capacidade de concentração.
4-Alterações no funcionamento cotidiano da pessoa (interação social, nível de atividade e busca de ajuda profissional), como causa ou conseqüência da depressão.
PREVALÊNCIA A prevalência de depressão e transtornos depressivos nos idosos, de um modo geral, oscila desde 10 até 20-27% (Blazer, Hughes, George - 1987). Já em idosos institucionalizados a taxa de prevalência de depressão vai de 25 a 80% (Hyer y Blazer -1982). É bom saber também que a depressão é 3 vezes mais prevalente em idosos com alguma deterioração funcional que naqueles sem essa condição.

SINTOMATOLOGIA De um modo geral, a clínica da depressão nos idosos é mais variada e atípica que no adulto jovem. Os idosos apresentam freqüentemente sintomas depressivos que nem sempre se ajustam aos requisitos necessários para categorias diagnósticas das classificações tradicionais (CID.10 e DSM.IV). Normalmente esses quadros são repletos de sintomatologia somática.
Os sintomas mais freqüentes costumam ser inquietação psicomotora (depressão ansiosa), sintomas depressivos (insuficientes para categorias de diagnóstico formal), somatizações variadas, sinais de alterações vegetativas, perda da autoestima, sentimentos de abandono e dependência, eventuais sintomas psicóticos, déficit cognitivo variável, idéias de ou suicídio.

Em menor escala pode surgir alterações do sono, alterações do apetite, reconhecimento dos sintomas psiquiátricos, perda de energia, sensação de culpa, tristeza subjetiva, diminuição da concentração e pensamentos sobre a morte.

Não se deve esquecer que a depressão é a patologia mais freqüente no idoso e, normalmente, é apresentada de maneira atípica ou indireta, ou seja, encoberta por múltiplas e variadas queixas somáticas e associada a quadros de franca ansiedade.
O diagnóstico da depressão no idoso se baseia na história clínica, nos antecedentes afetivos pessoais e familiares bem como no julgamento de elementos sócio-psicológicos associados e possivelmente facilitadores. Para o clínico, nunca é demais enfatizar que as diferenças entre os distintos tipos de depressão apontados pelo DSM-IV ou CID.10 não têm tanta relevância prática para a população de idosos.

PESQUISAS Algumas pesquisas podem refletir a realidade do idoso, como por exemplo as de Blazer (Blazer, Hughes, George - 1987) e Kane (Kane A. R., Kane R.L. -1993). Esses estudos permitem considerar que:
1- A maioria dos idosos institucionalizados (75%) não está satisfeita e contente com sua situação atual na instituição, o grau de bem estar pessoal é insuficiente, o índice de satisfação global é baixo e a auto-estima também é mínima (Lawton M.P. – 1975).
2- A auto-estima diminui progressivamente com a idade, atingindo seu ápice mais baixo entre os 75 e 84 anos.
3- Parece que essa diminuição da auto-estima não é diferente entre homens e mulheres.
4- A prevalência de transtornos depressivos na população institucionalizada é de 54%, portanto, superior às taxas de prevalência de 23-40% estabelecida na população de idosos em geral.
5- Em estudos tomando por base os índices de hemoglobia glicosilada entre idosos, o grupo mais alto se encontra na faixa de 75-84 anos, que é o mesmo grupo identificado com pior resultado na escala de satisfação de Filadélfia e com maior prejuízo da auto-estima (Lawton M.P. – 1975). Isso pode sugerir que as alterações do sistema neuroendócrino podem estar associadas a possíveis transtornos depressivos no processo de envelhecimento."
Fonte:  http://virtualpsy.locaweb.com.br
Para referência
Ballone GJ - Depressão no Idoso - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2006 

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Células Estaminais

"As células estaminais (células-mãe ou células-tronco) são células capazes de se auto-renovarem e de se diferenciarem em diferentes tipos de células ou tecidos.

As células estaminais diferem das restantes células do organismo por terem as seguintes características:

1. São células indiferenciadas e não especializadas

2. Têm a capacidade de se autorenovar e dividir indefinidamente

3. São capazes de se diferenciar em linhagens celulares distintas.

Para que as células estaminais se diferenciem em células específicas de tecidos ou órgãos, é necessário haver um condicionamento biológico que determine a sua evolução específica.

Durante o desenvolvimento embrionário, as células estaminais especializam-se, originando os vários tipos de células do nosso corpo, como as células musculares, nervosas, cardíacas, ósseas e glóbulos vermelhos. Mais tarde, no adulto, as células estaminais limitam-se a reparar tecidos danificados e a substituir as células que vão morrendo. O exemplo mais conhecido é a constante renovação das células sanguíneas, como os glóbulos vermelhos, a partir de células estaminais presentes na medula óssea.

Nem todas as células estaminais têm o mesmo potencial de diferenciação. As células estaminais podem ser obtidas a partir do embrião pré-implantação (células estaminais embrionárias), do embrião pós-implantação e do feto (células estaminais fetais), da placenta, ou de um organismo adulto (células estaminais adultas).

Essa origem caracteriza as três grandes categorias de células estaminais, as totipotentes (têm um potencial de diferenciação ilimitado, podendo originar qualquer tipo de célula e tecido; existem no embrião pré-implantação com 3 dias de vida, estádio de 6-12 células), as pluripotentes (têm um potencial de diferenciação mais limitado, podendo originar qualquer tipo de tecido do organismo, à excepção da placenta; existem no embrião pré-implantação com 6 dias de vida, o blastocisto, e no embrião pós-implantação), e as multipotentes (têm um potencial de diferenciação mais restrito, originando células de tecidos específicos; existem nos fetos tardios, no cordão umbilical, na placenta e nos tecidos adultos). No entanto, os dados mais recentes indicam que os tecidos fetais, da placenta e dos adultos também possuem uma população minoritária de células estaminais pluripotentes.

As células estaminais adultas são células indiferenciadas que se encontram nos tecidos diferenciados e constituem uma reserva celular do organismo para renovar os tecidos ao longo da vida e para reparação dos tecidos quando ocorre lesão. Estas células foram já isoladas a partir de tecidos como a medula óssea, pele, fígado, pâncreas, sangue, tecido adiposo, ossos, gónadas, entre outros.

 Células Estaminais do Sangue do Cordão Umbilical (SCU)

Do sangue do cordão umbilical do recém-nascido podem isolar-se células estaminais hematopoiéticas, que são multipotentes. Estas células possuem a capacidade de se poderem diferenciar nas células da linhagem sanguínea, os glóbulos vermelhos (eritrócitos), os glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas.

SCU também possui algumas células estaminais mesenquimatosas, que são pluripotentes. Têm um elevado potencial de diferenciação, podendo originar células do sistema nervoso (neurónios), fígado (hepatócitos), osso (osteócitos), cartilagem (condrócitos), gordura (adipócitos), musculares e musculares cardíacas, entre outras. Também possuem algumas células estaminais endoteliais, que são multipotentes. Estas últimas desempenham uma função importante na formação dos vasos sanguíneos nos tecidos (neovascularização).

As células estaminais hematopoiéticas do SCU têm mostrado menor exigência em termos de compatibilidade baseada no sistema de histocompatibilidade HLA (Humam Leucocyte Antigen), bem como uma menor incidência de rejeição do transplante, quando usadas no repovoamento de medula óssea de doentes após quimioterapia e/ou radioterapia.

O transplante de células estaminais pode ser realizado usando como doadores potenciais, um irmão com perfil de histocompatibilidade HLA (Humam Leucocyte Antigen) idêntico, um voluntário, não relacionado familiarmente mas HLA idêntico ou sangue do cordão umbilical proveniente de um banco público internacional. Nestes casos, estamos perante uma fonte alogénica. Pode-se ainda recorrer a um gémeo idêntico (transplante singénico) ou recolher células-tronco do próprio (transplante autólogo), no momento do parto, provenientes do sangue do cordão. Quando adulto, essa recolha para transplante autólogo, é realizada no sangue periférico por um sistema de leucoferese ou por aspiração de medula óssea, frequentemente da crista ilíaca.



A ausência de medula óssea compatível para ransplante alogénico ou heterólogo (de um dador externo) de células estaminais hematopoiéticas, as células do SCU são um recurso clínico com valor para o tratamento de algumas doenças hemato-oncológicas (doenças do sangue, que podem ser de origem tumoral, como as leucemias).

 Futuramente, a aplicabilidade das células estaminais do SCU poderá estender-se a outro tipo de doenças, como as doenças cardíacas, doenças neurodegenerativas, doenças ósseas, entre outras. Ou seja, a sua utilização na chamada Medicina Regenerativa. "


domingo, 7 de fevereiro de 2010

As características gerais do homem idoso.

"A terceira idade é um período caracterizado por intensas mudanças físicas, patológicas, sociais e emocionais. O idoso revê seus conceitos sobre dinheiro, trabalho, ambições, beleza, vida, prazer e sexo; prefere mais qualidade ao invés de quantidade em tudo, inclusive nas suas relações sexuais.

A sua função sexual se altera basicamente pelas mudanças fisiológicas e anatômicas do organismo provocadas pelo próprio processo de envelhecimento. Porém, não se pode associar essa fase da vida à perda ou à incapacidade de manter relações sexuais. As dificuldades normalmente se iniciam a partir dos 40-50 anos, pois além da diminuição lenta e gradual da testosterona, há uma maior incidência de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, obesidade e dislipidemias muitas vezes agravadas pelo fumo, álcool, estresse, sedentarismo e outros fatores de risco.

Além das causas orgânicas, surgem questões de ordem emocional referentes a aposentadoria, casamento, doenças, auto-estima além de fatores sociais e culturais.Em geral, as alterações sexuais masculinas são lentas e progressivas, dando tempo ao homem de se adaptar a uma atividade menos intensa.

Não existe uma disfunção erétil que seja específica do homem idoso, mas sim uma diminuição da sua capacidade sexual global. É importante que os homens conheçam e tenham consciência dessas mudanças, para que uma eventual falha erétil não cause uma ansiedade de desempenho desastrosa, capaz de contaminar e comprometer as relações futuras.

Ao atingir a maturidade, o sexo é cada vez menos carnal, tornando-se cada vez mais afetivo. As relações são menos sexuais e mais sensuais. Aos poucos, o homem se vê obrigado a assumir o papel de protagonista da relação, trocando de lugar com o seu pênis, que até então tinha sido o ator principal da relação. Isso o obriga a uma adaptação, caso contrário, ele fica perdido sem entender as mudanças que ocorrem no seu organismo.

Muitas estatísticas mostram que a atividade sexual diminui com o decorrer da idade, tanto em homens quanto em mulheres; e várias outras estatísticas mostram que homens idosos ainda permanecem sexualmente ativos, uns mais outros menos, mesmo após os 70-80 anos.

Os padrões de comportamento sexual do homem idoso

Com o avanço da idade, o padrão de comportamento sexual dos homens pode ser de 3 tipos:

1- Parecido ao que sempre foi na sua fase adulta madura, onde ele procura manter o mesmo ritmo de relações sexuais a que sempre esteve acostumado.

2- Pode haver uma retração ou inibição da atividade sexual que tende a diminuir ou até desaparecer, como nos casais pouco ativos sexualmente e que se entregam a uma rotina sem troca de afeto, carinho ou paixão.

3- Pode ocorrer uma exacerbação da atividade sexual, numa tentativa de repetir o comportamento sexual da juventude. 

O preconceito contra o sexo na terceira idade

O preconceito social contra o casal idoso sexualmente ativo vem de todos os lados. Na própria família, com filhos e netos fazendo comentários e piadas constrangedoras; pela mídia, que valoriza apenas a beleza da juventude; pelos amigos e vizinhos, mal informados, deprimidos e desinteressados; pela religião, quase sempre muito conservadora e por toda a sociedade em geral.

A maioria das pessoas pensa que quando o homem se aposenta do trabalho está quase se aposentando da vida também.

Por outro lado, muitas vezes, vemos com freqüência o casal idoso sendo provedor financeiro de filhos e até de netos adultos, ainda fazendo viagens, participando da comunidade e de cursos universitários.
A RELIGIÃO

Na velhice, a proximidade da morte faz o casal se apegar mais intensamente à religião, que muitas vezes é adotada como uma forma de renúncia, resignação, repressão e até mesmo de alienação. Como na terceira idade não há mais o caráter reprodutivo, a atividade sexual dos idosos passaria a ser considerada pecaminosa, criando neles uma sensação de culpa e desvio moral, reforçando o estereótipo de que o ancião deveria ser uma pessoa assexuada.

O SILÊNCIO DOS MÉDICOS

Muitos médicos não se sentem confortáveis em abordar a sexualidade de seus pacientes, deixando-os inibidos para falar de sexo, criando neles uma sensação de vergonha ou medo de serem mal interpretados. Com isso, os idosos perdem a última esperança de que alguém os ajude a desfrutar dos prazeres do sexo.


Causas da diminuição da atividade sexual do homem idoso

1) Problemas relacionados com a parceira, que pode ser incapaz fisicamente, não ter interesse por sexo ou estar ausente. É fundamental que o homem idoso tenha alguém com carinho e habilidade manual suficiente, capaz de provocar as suas ereções.

2) A má qualidade da relação afetiva, onde existe falta de carinho, afeto e amor. São os casais que já não se gostam, apenas se toleram e muitas vezes nem se suportam.

3) O mau estado de saúde física e mental do casal idoso, portador de artrose, demência, DPOC, seqüelas de AVC, etc.

4) A diminuição da libido, pela queda da testosterona e pela baixa freqüência das relações sexuais.

5) A DE e a ansiedade de desempenho, onde a expectativa de falhar inibe a iniciativa de ter relações pelo medo de passar por constrangimento.

6) Os efeitos colaterais de medicamentos como anti-hipertensivos, antiácidos, beta-bloqueadores, tranqüilizantes, etc.

7) A falta de condições adequadas para o encontro amoroso, como nos casais idosos que moram junto com filhos ou em asilos.

8) A ignorância com relação às alterações naturais do envelhecimento, não respeitando as mudanças biológicas da idade.

9) O negativismo cultural e religioso da sociedade. O idoso absorve a imposição social e cultural de que não deve mais estar interessado em sexo a acaba se reprimindo.

10) A baixa auto-estima que impede o homem idoso de procurar parceiras ou de tomar uma iniciativa nas relações.
As alterações sexuais do homem idoso

1) Ansiedade de desempenho que leva ao medo de tomar a iniciativa de ter sexo.

2) Dificuldade de obter ereções espontâneas quando há necessidade. É preciso que as parceiras estimulem diretamente o pênis de seus companheiros.

3) A ereção é mais lenta, aumentando o tempo necessário para se chegar à rigidez adequada. É comum essa demora detonar a ansiedade que dificulta mais ainda a ereção.

4) As ereções já não são tão firmes e nem se sustentam por tanto tempo quanto antes.

5) Há uma menor capacidade e menor necessidade de se chegar ao orgasmo, possibilitando encontros mais prolongados, mais carinhosos, que não se encerram com o orgasmo.

6) Tem rápida detumescência, quase que imediata ao cessar os estímulos sexuais.

7) Aumenta o período refratário entre as relações, principalmente quando há o orgasmo.

8) Outras alterações:
menor emissão de secreção uretral, menor volume do material ejaculado, menor pressão da ejaculação, orgasmo mais curto e às vezes seco (diabetes e pós prostatectomia), menor ocorrência de tumescência peniana noturna, menor concentração de fibras elásticas nos corpos cavernosos e alteração endotelial vascular.
Tratamentos auxiliares:

1) Fazer uma preparação para a terceira idade ainda entre os 40 e 50 anos, identificando e afastando os fatores de risco que provocam ou que aceleram o envelhecimento.

2) Cultivar bons hábitos alimentares, perder e manter o peso adequado, praticar exercícios físicos em academia ou fazer caminhadas com a parceira, fazer dança de salão que além de ser atividade física é uma atividade social, cultivar boas amizades com amigos de alto astral, manter bom convívio familiar.

3) Entender, aceitar e se adaptar progressivamente às alterações do envelhecimento.

4) Eliminar os fatores de risco como fumo, drogas, álcool, sedentarismo, causas de aborrecimentos, excesso de gordura, sal e açúcar.

5) Cuidar da higiene e da boa aparência. Não descuidar dos banhos, da barba, das roupas, do perfume. Manter os mesmos hábitos da mocidade e da vida adulta.

6) Tratar as doenças crônicas como diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia. Tratar os problemas psicológicos e emocionais como ansiedade, estresse e depressão. Manter elevada a auto-estima, criar fantasias sexuais, e ter uma boa parceira sexual.

7) Procurar o urologista para tratar as disfunções sexuais com medicação oral ou injetável e fazer a reposição hormonal quando estiver bem indicada.

8) Por último e mais importante de tudo: manter relações sexuais regularmente.
A baixa freqüência da atividade sexual diminui a libido e aumenta a chance de um mau desempenho, alimentando um ciclo vicioso prejudicial ao bom convívio amoroso. A regularidade das relações sexuais eleva a auto-estima, a autoconfiança e a vontade de repetir as experiências prazerosas. Uma boa relação sexual serve de estímulo, dando mais confiança para as relações seguintes.

Terapia de reposição hormonal masculina


Atualmente dispomos de várias formas de tratamento para a reposição hormonal. Em geral não recomendamos a terapia com os comprimidos de testosterona por via oral pelo risco mais elevado que essa via tem de causar o câncer de fígado. A via trans dérmica por gel de testosterona é uma opção adequada para muitos pacientes que se recusam a fazer a medicação injetável. Seu alto custa é importante fator limitante.

Acreditamos que a medicação injetável ainda é o tratamento que oferece melhor relação custo-beneficio, pois tem um preço bastante acessível, mantém níveis de testosterona no sangue próximos da normalidade e não oferece riscos significativos de evoluir para qualquer tipo de problema. A injeção é feita a cada 3 semanas por via intramuscular o que mantém os pacientes em permanente contato com o seu médico, que dessa forma é capaz de detectar facilmente qualquer anormalidade e corrigir o que for necessário.

Atualmente dispomos também da injeção feita a cada 3 meses, o que é bem mais confortável para os pacientes. A injeção, seja ela de 3 semanas ou de 3 meses, mantém os pacientes em permanente contato com os seus médicos que dessa forma podem acompanhar mais facilmente a próstata dos pacientes, detectando precocemente qualquer problema que possa surgir. "


Fonte: http://www.copacabanarunners.net


 

O sono no idoso. Quando dormir é um problema!

 "Para a maioria dos idosos, dormir é um problema. Não têm pressões profissionais e as preocupações são menores, mas o simples acto de dormir é um drama. Muitos idosos estão descontentes com o seu sono e tomam, durante anos a fio, comprimidos para dormir.


O Jornal do Centro de Saúde foi saber quais as razões desta aparente “falta de sono”, se dormir menos horas durante a noite é, de facto, um problema e o que os nossos leitores mais velhos podem fazer para melhorar o seu sono. Falou com Prof. João Barreto, psiquiatra, da Faculdade de Medicina do Porto e com a Dra. Marta Gonçalves, Directora Clínica do Instituto do Sono.

“O sono dos idosos é mais fragmentado e menos profundo. Não se pode afirmar que os idosos precisem de dormir menos, mas têm menos capacidade de dormir de forma contínua.

O seu sono é mais frequentemente interrompido por despertares nocturnos. Com o avançar da idade, o nosso ritmo biológico muda, e há tendência para adormecer e despertar mais cedo”, afirma a Dra. Marta Gonçalves. O Prof. João Barreto explica-nos que “o sono dos idosos é diferente em vários aspectos e mais fragmentado. Acordam muitas vezes.

O sono dos idosos está menos concentrado na noite e está mais disperso no dia. Isto é, têm tendência a dormir a várias horas durante o dia, de manhã e de tarde.

O sono não é um estado único. No sono, passamos por vários estádios diferentes. A mudança de estádio ou níveis de sono é muito frequente. Os idosos passam mais facilmente de um estádio para outro, comparativamente às pessoas de outra idade.

O sono dos idosos está desfasado do das pessoas jovens, não para o atraso, mas para o adiante. O idoso tem sono mais cedo do que as pessoas jovens e tem tendência para se ir deitar, normalmente, uma, duas e até três horas mais cedo. Não é raro termos idosos que se queiram deitar às 19, 20 ou 21 horas... Logo, há uma tendência para acordarem mais cedo e têm muita dificuldade em adormecer”, diz-nos.



Quantas horas devemos dormir?

A Directora Clínica do Instituto do Sono afirma que “de forma geral, a maioria das pessoas necessita de sete a oito horas por dia, mas há casos que necessitam apenas de cinco ou seis, enquanto outras necessitam de mais de nove ou dez horas”. Podemos então afirmar que não existe uma regra que se adeque a todas as pessoas pois “as horas de sono de cada um devem ser individualizadas caso a caso”. À medida que vamos crescendo “a necessidade de sono vai diminuindo”, afirma.

Na opinião do Prof. João Barreto, “os mais jovens devem dormir oito a nove horas. As pessoas idosas devem dormir sete ou oito”. Existem muitas patologias do sono. As insónias são as que mais queixas trazem aos consultórios. De acordo com o Prof. João Barreto, “deverá ser o próprio médico de família a enviar o doente para um especialista porque os idosos raramente sabem quando o devem fazer”.

Fonte:  http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sexualidade na Terceira Idade





Neida Vicente

neida.vicente@ihmt.unl.pt

Licenciada em Enfermagem. Mestranda do 2º ano do Mestrado em Saúde e Desenvolvimento do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, Portugal.

2005

"Palavras-chave: Terceira idade, sexualidade, saúde, envelhecimento, preconceito, relacionamento O envelhecimento é um processo indutivo de várias mudanças no indivíduo, nomeadamente ao nível físico, mental e social. Estas mudanças tendem a afectar a expressão da sexualidade, na medida em que se torna necessário para a pessoa “idosa” redefinir objectivos, ou seja, reconhecer que está numa nova fase do ciclo vital, e que tal como as anteriores, está associada a determinados “acontecimentos padrão”, crises de desenvolvimento próprias da fase em questão.

O peso dos anos depende do significado que cada um lhe atribuir. Para muitos, ser idoso pode ser sinónimo de sabedoria e experiência a todos os níveis. Nas sociedades africanas o idoso é muito respeitado, porquanto é tomado como aquele que detém um conhecimento profundo sobre vários assuntos, porque já viu muitas coisas e transmite-as aos mais novos com sabedoria. Em contrapartida, nas sociedades ocidentais, devido ao aumento da esperança média de vida, ao idoso estão associados conceitos como a inactividade, doença, demência e assexualidade.

Relativamente à sexualidade, não está de modo algum comprovado que esta termine na terceira idade. Vejamos, o termo sexualidade não é sinónimo de acto sexual. A sexualidade envolve muito mais, ela pressupõe amor, carinho, sensualidade, fantasia e inteligência. Então, será que a velhice nos rouba tudo isto?

Segundo a OMS, o envelhecimento começaria a partir dos 65 anos. Contudo, é necessário reconhecer que a idade biológica tem maior importância que a cronológica, na medida em que a bioquímica cerebral, das emoções, pode apresentar níveis óptimos de funcionamento em termos biológicos em indivíduos com mais de 65 anos. Contrariamente a estes, poder-se-á encontrar níveis biológicos menos bons em jovens.

É importante saber que o envelhecimento não compromete necessariamente a sexualidade.

O homem é capaz de ter uma erecção peniana em qualquer idade, tal como a mulher consegue atingir uma lubrificação vaginal adequada e chegar ao orgasmo. Estas respostas sexuais só ficarão “comprometidas” se estiverem perante um bloqueio físico ou psicossocial (Lopes 1993:79).

Um outro aspecto significativo apresentado pelo mesmo autor é a monotonia sexual. A sexualidade não se pode circunscrever ao contacto de um pênis e uma vagina, o sexo pode ser o resultado de vários estímulos efectivos (auto-estimulação, fantasia, coito, entre outros.), nesta matéria a intuição é um ingrediente favorável, mas não essencial.

A resposta sexual humana apresenta três fases principais: desejo, excitação e orgasmo. Segundo Lopes (1993: 80), no que se refere ao desejo sexual na mulher idosa, as respostas encontradas são divergentes, variando da ausência do desejo até a exacerbação da líbido. Como refere o autor, estes resultados podem reflectir a influência da moral sexual na função biológica.

Ao contrário do que se pensa, a menopausa não constitui o fim da vida sexual. Gomes et al (1987: 99) referem que há, por vezes, um aumento da actividade sexual na menopausa que pode, entre outros factores, estar ligado ao desaparecimento do medo de engravidar.

Para J. Vegue (in Lopes, 1993: 80), a actividade sexual pode continuar durante um longo período após a menopausa, sem que hajam dificuldades mecânicas ou ausência de lubrificação vaginal e muitas vezes sem recorrer a terapêutica de substituição hormonal, desde que se mantenha um relacionamento sexual regular. A ausência de regularidade pode causar o aparecimento de distúrbios tróficos, impedindo desta forma contactos posteriores e originando distúrbios psicossexuais futuros.

“A vida sexual transforma-se constantemente ao longo de toda a evolução individual, porém só desaparece com a morte.”

Myra e López cit por Lopes 1993:79

"No homem idoso, sob um estímulo sexual eficaz, a erecção demora a estabelecer-se 2 a 3 vezes mais; uma vez obtida conserva-se bastante mais tempo sem ejaculação, sendo mais difícil obtê-la de novo se a perder antes da ejaculação. Na fase orgástica há um desaparecimento da primeira parte, isto é, não há contracção dos órgãos reprodutores, pelo que não haverá a sensação de inevitabilidade ejaculatória. A duração do período refractário aumenta consideravelmente. Normalmente, este satisfaz-se com 1 ou 2 ejaculações semanais, independentemente do contexto do coito ou exigências sexuais da parceira. Importa salientar também que para cada década regista-se uma diminuição progressiva na resposta sexual. Contudo, nunca se verifica o seu completo desaparecimento, Master e Johnson, 1966 (in Gomes, 1987: 97).

Referências Bibliográficas

Lopes, Gerson. Sexualidade Humana. 2ª edição. Rio de Janeiro. Medsi 1993. ISBN: 85-7199-058-1.pág77-81

Gomes et al. Sexologia em Portugal. 1ª edição, I Volume Lisboa. Texto editora 1987. pág 94-100