domingo, 14 de fevereiro de 2010

Células Estaminais

"As células estaminais (células-mãe ou células-tronco) são células capazes de se auto-renovarem e de se diferenciarem em diferentes tipos de células ou tecidos.

As células estaminais diferem das restantes células do organismo por terem as seguintes características:

1. São células indiferenciadas e não especializadas

2. Têm a capacidade de se autorenovar e dividir indefinidamente

3. São capazes de se diferenciar em linhagens celulares distintas.

Para que as células estaminais se diferenciem em células específicas de tecidos ou órgãos, é necessário haver um condicionamento biológico que determine a sua evolução específica.

Durante o desenvolvimento embrionário, as células estaminais especializam-se, originando os vários tipos de células do nosso corpo, como as células musculares, nervosas, cardíacas, ósseas e glóbulos vermelhos. Mais tarde, no adulto, as células estaminais limitam-se a reparar tecidos danificados e a substituir as células que vão morrendo. O exemplo mais conhecido é a constante renovação das células sanguíneas, como os glóbulos vermelhos, a partir de células estaminais presentes na medula óssea.

Nem todas as células estaminais têm o mesmo potencial de diferenciação. As células estaminais podem ser obtidas a partir do embrião pré-implantação (células estaminais embrionárias), do embrião pós-implantação e do feto (células estaminais fetais), da placenta, ou de um organismo adulto (células estaminais adultas).

Essa origem caracteriza as três grandes categorias de células estaminais, as totipotentes (têm um potencial de diferenciação ilimitado, podendo originar qualquer tipo de célula e tecido; existem no embrião pré-implantação com 3 dias de vida, estádio de 6-12 células), as pluripotentes (têm um potencial de diferenciação mais limitado, podendo originar qualquer tipo de tecido do organismo, à excepção da placenta; existem no embrião pré-implantação com 6 dias de vida, o blastocisto, e no embrião pós-implantação), e as multipotentes (têm um potencial de diferenciação mais restrito, originando células de tecidos específicos; existem nos fetos tardios, no cordão umbilical, na placenta e nos tecidos adultos). No entanto, os dados mais recentes indicam que os tecidos fetais, da placenta e dos adultos também possuem uma população minoritária de células estaminais pluripotentes.

As células estaminais adultas são células indiferenciadas que se encontram nos tecidos diferenciados e constituem uma reserva celular do organismo para renovar os tecidos ao longo da vida e para reparação dos tecidos quando ocorre lesão. Estas células foram já isoladas a partir de tecidos como a medula óssea, pele, fígado, pâncreas, sangue, tecido adiposo, ossos, gónadas, entre outros.

 Células Estaminais do Sangue do Cordão Umbilical (SCU)

Do sangue do cordão umbilical do recém-nascido podem isolar-se células estaminais hematopoiéticas, que são multipotentes. Estas células possuem a capacidade de se poderem diferenciar nas células da linhagem sanguínea, os glóbulos vermelhos (eritrócitos), os glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas.

SCU também possui algumas células estaminais mesenquimatosas, que são pluripotentes. Têm um elevado potencial de diferenciação, podendo originar células do sistema nervoso (neurónios), fígado (hepatócitos), osso (osteócitos), cartilagem (condrócitos), gordura (adipócitos), musculares e musculares cardíacas, entre outras. Também possuem algumas células estaminais endoteliais, que são multipotentes. Estas últimas desempenham uma função importante na formação dos vasos sanguíneos nos tecidos (neovascularização).

As células estaminais hematopoiéticas do SCU têm mostrado menor exigência em termos de compatibilidade baseada no sistema de histocompatibilidade HLA (Humam Leucocyte Antigen), bem como uma menor incidência de rejeição do transplante, quando usadas no repovoamento de medula óssea de doentes após quimioterapia e/ou radioterapia.

O transplante de células estaminais pode ser realizado usando como doadores potenciais, um irmão com perfil de histocompatibilidade HLA (Humam Leucocyte Antigen) idêntico, um voluntário, não relacionado familiarmente mas HLA idêntico ou sangue do cordão umbilical proveniente de um banco público internacional. Nestes casos, estamos perante uma fonte alogénica. Pode-se ainda recorrer a um gémeo idêntico (transplante singénico) ou recolher células-tronco do próprio (transplante autólogo), no momento do parto, provenientes do sangue do cordão. Quando adulto, essa recolha para transplante autólogo, é realizada no sangue periférico por um sistema de leucoferese ou por aspiração de medula óssea, frequentemente da crista ilíaca.



A ausência de medula óssea compatível para ransplante alogénico ou heterólogo (de um dador externo) de células estaminais hematopoiéticas, as células do SCU são um recurso clínico com valor para o tratamento de algumas doenças hemato-oncológicas (doenças do sangue, que podem ser de origem tumoral, como as leucemias).

 Futuramente, a aplicabilidade das células estaminais do SCU poderá estender-se a outro tipo de doenças, como as doenças cardíacas, doenças neurodegenerativas, doenças ósseas, entre outras. Ou seja, a sua utilização na chamada Medicina Regenerativa. "


Nenhum comentário:

Postar um comentário